Imagens nos revelam, entregam, codificam quem somos. São ostras alojadas num impreciso tempo que formatiza herança umbilical ligada à criatividade. Digo por mim ao perpetrar e proclamar algo que sinto através desse criado-mudo que chamamos de fotografia e percorrer algo imaginário em linguagem muda. Colocar-se no lugar do outro interpretando-o. Quero dizer que pessoas sensíveis, que têm a sua casa em peixes, tendem a acreditar em qualquer história triste e choram sentadas numa poltrona do cinema vendo um filme ao lado de um desconhecido, na penumbra ou escuridão. São pessoas de uma sensibilidade emocional amplificada.
Peixes é o décimo segundo e último signo do zodíaco, carrega consigo um pouco de cada um. Como resultado, elas proliferam certa energia ao pensarem na vida de uma forma sonhadora onde o mundo real e os assuntos do cotidiano ganham um pouco menos de relevância, muito embora tal postura emocional escapista seja compensada com um notável ganho na intuição.
O sensível nestas pessoas, pode falar mais alto e facilitar a conexão com o lado mais intuitivo da personalidade. Desta forma, pessoas assim podem ficar mais abertas para promover uma experiência espiritual mais profunda, geradora de uma consciência mais elevada, um lado emocional onírico onde podemos sentir uma sensação de plenitude. Esse cara sou eu, que num ato sensível pensa assim: “Queria ser um peixe para enfeitar de corais sua cintura”… deseja e sonha muito.
Sob uma nobreza zodiacal, sou do signo de gêmeos, que simboliza a dualidade por excelência, cuja representação mágica e mitológica se traduz no retrato falado regido pelo elemento ar. Esta ambivalência pode ser de natureza integradora e harmoniosa, como partes de um todo. Regido por Mercúrio, costumo me resolver bem na comunicação, versatilidade, sociabilidade e profunda sensibilidade, me transmutando num sonhador nato.
Todas essas considerações nem tão filosofais assim, para me explicar sobre a sedução destas imagens que compõem este glossário expositivo como “Lua em Peixes”, que me fascina no recrutamento autoral ilimitado e tocado na dualidade criativa e sonhadora. Seja orbitada na cor ou no frio preto e branco, transando o inimaginável, a síndrome de um eterno descobrir, quando o menino tocando a sua pipa no céu azul nivela-se a um sonho.
Fala-se muito que sou um fotógrafo da cor brasileira, especula-se que no preto e branco nem tanto assim, exorcizar uma reta de chegada. Pouco me importa o que falem, o que dizem, “eu não estou fazendo nada e você também”. Faz mal mostrar de tudo enquanto a arte liberta e interroga.
Vinte e três no total, oito coloridas e quinze em preto e branco. O sentimento não tem preço. O prazer é pessoal e inviolável. Por vezes, me sinto um tanto esotérico, misterioso, místico e oculto… e as imagens falam.
Walter Firmo